Exercício físico e saúde mental

A Organização Mundial de Saúde define saúde mental como um estado de bem-estar em que cada pessoa reconhece suas próprias habilidades, lida com os estresses inerentes à vida, trabalha de forma produtiva e é capaz de contribuir para a sociedade. Saúde mental é mais do que apenas a ausência de doenças mentais: envolve o desenvolvimento de competências socioemocionais e a capacidade de adaptação. A saúde mental também é um direito humano fundamental e um elemento essencial para o desenvolvimento pessoal, comunitário e socioeconômico.Um dos pilares para preservar a saúde mental é a prática regular de exercício físico. Cada vez mais a Ciência explora as ações, reações e interferências dos movimentos físico, mental, emocional, social e espiritual na nossa saúde integral. Estudos mostram que mexer o corpo é uma ferramenta eficaz para prevenir e tratar sintomas de ansiedade e depressão, melhorar o humor e a sensação de bem-estar geral, promover encontros entre pessoas e de pessoas com a natureza, garantir sono de qualidade e prevenir doenças neurodegenerativas - além da prevenção de todas as doenças crônicas não-transmissíveis (hipertensão, diabetes, câncer, obesidade, AVC, infarto).Como o exercício físico interfere na saúde mentalReduz sintomas de estresse, ansiedade e depressão. Durante o exercício físico o organismo libera neurotransmissores como endorfinas e serotoninas, substâncias químicas cerebrais que geram sensação de prazer, satisfação, relaxamento e bem-estar. 

• Previne e trata a depressão. Estar em constante movimento pode trazer mais leveza ao cotidiano, ampliar a capacidade de resolução de problemas e prevenir a depressão. Para quem já tem a doença, a prática regular de atividade física (possível para cada nível/estágio) é considerada terapia auxiliar fundamental por médicos psiquiatras.
• Previne e trata transtornos mentais. A atividade física regular pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, em pessoas predispostas, e ser uma grande aliada durante o tratamento. 
• Melhora a imagem corporal e traz autoestima. As sensações de conquista e progresso durante a prática de exercícios e uma percepção mais positiva e gentil do corpo podem trazer e incrementar a autoconfiança e a autoestima. 
• Melhora a qualidade do sono. A prática de exercícios físicos pode promover um sono mais profundo e reparador – essencial para a qualidade de vida. 
• Beneficia funções cognitivas. O exercício físico pode aperfeiçoar/melhorar funções cognitivas como memória e atenção. 
• Previne e trata doenças neurodegenerativas. O exercício físico melhora a circulação sanguínea no cérebro e a modulação de fatores inflamatórios e oxidativos, podendo contribuir para a saúde cerebral e a prevenção de doenças neurodegenerativas como Alzheimer, Parkinson e outras demências. 

Que tipo de exercício posso/devo fazer? TODOS!!! Caminhadas/corridas. Atividades acessíveis que podem ser feitas de forma recreativa ou competitiva, praticadas em qualquer lugar, que trazem condicionamento cardíaco e muscular e que promovem sensação de bem-estar e relaxamento – além de serem um convite para encontros sociais.

• Bike (indoor ou outdoor). O treino de ciclismo pode ser lúdico ou desafiador. Seja qual for a intensidade, promove sensações de liberdade, autoconfiança e prazer.
• Musculação. A concentração exigida nos treinos resistidos, com contagem de repetições, intervalos de descanso, e a constante evolução (seja de peso, número de repetições e capacidade de usar o aprendizado nos movimentos do cotidiano) traz segurança, autoestima e vontade de seguir (regularidade). 
• Dança. Sozinho ou em grupo, dançar promove sensações de bem-estar, liberdade e felicidade e são uma excelente estratégia para manter o corpo bem condicionado. Pode ser uma porta de entrada para treinos de força, que serão importantes para a evolução nas aulas.  
• Yoga/pilates. Promovem relaxamento, flexibilidade e bem-estar mental e espiritual.
• Esporte coletivos. Trazem não só benefícios físicos como interação social e trabalho em equipe. 
• Artes marciais. Além de toda a exigência física, tem um caráter mental e espiritual trazido dos antepassados e são um convite ao silêncio, ao respeito ao próximo e ao autocontrole.

Rotina, constância, disciplina... Regularidade é essencial!A Organização Mundial da Saúde preconiza tempos mínimos de atividades físicas moderadas e intensas por semana para diferentes faixas etárias.

• Crianças e adolescentes: 1 hora diária de atividade física moderada ou intensa (se crianças e adolescentes voltarem a brincar e a praticar esportes, como deve ser, farão muito mais horas do que isso)
• Adultos: de 150 a 300 minutos de atividade física moderada ou 75 a 150 minutos de atividade física intensa. Fundamental incluir treino de força o quanto antes (pensando na longevidade)
• Idosos: mesmo tempo que os adultos, intensificando musculação e treinos de equilíbrio

Dicas para aproveitar tu-di-nho o que o exercício físico é capaz de nos oferecer!Varie! Encontre atividades físicas que te animem, que caibam na sua rotina, que te façam sentido. E não tenha medo de experimentar coisas novas.

• Devagar e sempre. O que garante os benefícios é a regularidade, a rotina. Não adianta exagerar e abandonar meses depois.
• Mas pode ir rápido se quiser também! Se o seu perfil for mais “faca na caveira”, crie uma rotina de treino pesado, sim, mas sempre prevendo descanso. O corpo e a mente precisam de descanso e gentileza para evoluir. 
• Busque orientação profissional. Quanto mais você se informa, mais ferramentas tem para encontrar o que faz sentido para a sua necessidade atual. 
• Adote hábitos saudáveis. Incorpore atitudes saudáveis como um todo à sua rotina: converse com psicólogos e psiquiatras, cultive amizades, estabeleça pequenos momentos de silêncio ao longo do dia, se olhe no espelho, leia um livro, controle o uso de redes sociais...

DADOS IMPORTANTES! A ansiedade é a doença mental mais prevalente no mundo

• 4% da população mundial, ou 328 milhões de pessoas no mundo, têm transtornos de ansiedade; e apenas 1 em cada 4 pessoas afetadas recebe tratamento
• 26,8% dos brasileiros, que equivalem a 56 milhões de pessoas, sofrem de transtorno de ansiedade
• Mulheres e jovens de 18 a 24 anos são os mais afetados
• 11,5 bilhões de dólares foram gastos no ano passado para tratar transtornos de ansiedade na população mundial; A previsão é de que esse número chegue a 15,9 bilhões de dólares em 2032
• O Brasil lidera a incidência de depressão na América Latina, com cerca de 5,8% da população afetada, o que equivale a 11,7 milhões de pessoas
• A depressão pode levar a afastamentos do trabalho, dificuldades no desempenho profissional e escolar, além de impactar negativamente a qualidade de vida e o bem-estar geral
• O Ministério da Saúde estima que até 15,5% da população brasileira pode sofrer de depressão em algum momento da vida

Renata Veneri (@rveneri) - jornalista, apresentadora, CEO de Corpo Cabeça Coração, autora de “Atividade Física no Cotidiano”